Você conhece o conceito de autogestão? No dicionário corporativo, a autogestão está relacionada com a prática de relações de trabalho mais horizontais: cada colaborador tem a capacidade de tomar decisões e gerenciar si mesmo. É um conceito simples, mas ao mesmo tempo complexo. A autogestão acontece em meio a um conjunto de práticas organizacionais que buscam distribuir a autoridade, com clareza de responsabilidades e o maior nível possível de autonomia a cada integrante da organização. A prática de se reportar a um superior dá lugar à observação de um conjunto de regras e acordos firmados coletivamente, é a estrutura organizacional que também pode ser chamada simplesmente de “mapa de acordos”.

A ideia é fomentar um ambiente colaborativo e criativo. Para além do mundo do trabalho, a autogestão se relaciona com uma ferramenta imprescindível para atravessar a vida de forma construtiva: a capacidade de refletir sobre as próprias escolhas. Como gestores de nossas próprias vidas, é necessário desenvolver a capacidade de autoanálise, é por meio do exercício de se perceber que se pode melhor atuar sobre a própria vida: se conhecemos nossos pontos fortes e fracos, fica mais fácil agir sobre determinados setores que precisam de uma forcinha.

Em situações “pandêmicas” de temperatura e pressão, praticar a autogestão é ainda mais desafiador. O pesquisador Luiz Hanns, doutor em psicologia clínica, afirma que o objetivo comum, diante de uma pandemia de proporções desconhecidas, deve ser o mesmo para todos: atravessar os meses de incerteza cuidando da saúde e equilíbrio emocional. “O desequilíbrio emocional afeta a saúde e contribui para tomada de decisões equivocadas, o que pode tornar esse período infernal”, afirma Hanns.

Imagine a seguinte situação: você está em um pequeno barco no meio de uma tempestade acompanhado de todos que moram com você. As condições não estão favoráveis e o barco vai, cada vez mais, sendo tomado por água. Se não houver cooperação, mas brigas e lamentações, dificilmente será possível atingir o objetivo de todos chegarem sãos e salvos ao cais. “O fundamental é entender que o propósito é chegar ao final da melhor maneira possível: com saúde e equilíbrio. Quem conseguir isso tem naturalmente duas coisas: a resiliência para aguentar o desconforto e a capacidade de manter o foco no propósito, de não dispersar”, pontua o especialista.

Autogestão tem uma relação direta com a “curadoria dos pensamentos”. Para se entender melhor, é preciso analisar os próprios pensamentos. Valem as pergunta: essas ideias na minha cabeça vão ajudar meu equilíbrio emocional? Contribui pra minha organização pessoal e profissional? Isso me ajuda a ter mais clareza pra fazer escolhas melhores?

Evitar um espiral de pensamentos negativos te impede de paralisar e ajuda o barco a seguir em frente. “Se você concluir que determinados pensamentos vão piorar sua situação, talvez seja hora de admitir que você precisa desabafar e descarregar esses pensamentos, mas se isso acontecer de maneira muito prolongada, não está valendo a pena. O jeito é colocar “numa gaveta” e lidar com tudo depois”, comenta Luiz Hanns.

Quase cinco meses desde o início da pandemia no Brasil, podemos pensar no que estamos aprendendo com tudo isso. O que será de nós quando os meses de isolamento, incertezas e avalanche de notícias tristes estiverem no passado? Que tal começar alinhando ações com objetivos e traçando um plano de futuro…. que pode ser implementado hoje mesmo? Como é possível sair melhor de tudo isso e contribuir com a saúde e bem-estar de quem nos rodeia?

Para refletir mais sobre o assunto, nossa dica é vídeo “Sua meta: manter o equilíbrio emocional na quarentena”, com o especialista Luiz Hanns. Gostou? Compartilha com a gente nos comentários 😉

Colaboração: Giselle Cahú