A busca pela imunidade

Em tempos de pandemia, quem tem imunidade forte é rei. Alguns especialistas preveem que a quase totalidade da população mundial será contaminada pelo novo coronavírus. A grande maioria, os chamados portadores assintomáticos, não vai nem saber. Mas para milhares de pessoas, dependendo de fatores como idade, estado geral de saúde e comorbidades, a COVID-19 pode ser muito mais séria do que se imaginava há alguns meses.

Que tal usar o momento para se encarar de frente e perguntar: como ando cuidando da minha saúde? Como tenho tratado do meu corpo? Com o medo da doença, começa uma busca por dietas e receitas mágicas na internet para melhorar a imunidade. “Recebo muitas ligações de gente perguntando se deve começar a comer beterraba, cenoura, alho. Minha resposta é: deve, sim, mas não somente por conta do coronavírus”, comenta a nutricionista Luisiana Lamour.

“Manter uma alimentação equilibrada é fundamental para ter uma boa saúde, porém não existe fórmula que funcione da noite para o dia. A construção de um sistema imunológico forte é um processo. O que devemos fazer nesse momento é dar ênfase ao consumo de alimentos que podem reforçar a imunidade e aproveitar para reforçar as práticas de autocuidado no cotidiano”, pontua a especialista.

Os conselhos da nutricionista podem ser resumidos à máxima “descasque mais e desembrulhe menos”. Segundo Luisiana — e não é segredo para ninguém — uma dieta saudável é feita de alimentos naturais, integrais, frutas, verduras, tubérculos, o nosso bom e velho feijão com arroz, e por aí vai.

“Se for possível, colocar uma castanha do pará ao dia na dieta, isso garante uma boa dose de selênio, um mineral essencial para defesa do organismo. É também muito importante evitar o consumo de refrigerantes e produtos ultra processados. Esses industrializados não podem ser considerados comida de verdade; sobrecarregam nosso corpo com açúcar, corantes e inúmeras substâncias prejudiciais à saúde”, explica.

Além da alimentação, outro pilar fundamental para fortalecer o sistema imunológico é a prática regular de exercícios físicos. “O exercício aumenta o fluxo sanguíneo no corpo e faz com que substâncias benéficas sejam espalhadas por todos os sistemas: circulatório, respiratório, nervoso, digestivo, esquelético. Isso deixa nossas células mais preparadas para enfrentar qualquer ameaça”, explica a educadora física Nayana Pinheiro, professora da UFRPE e especialista em envelhecimento humano.

Nayana alerta para a necessidade de acompanhamento profissional na realização de exercícios físicos, especialmente para população idosa. “O exercício pode ser muito benéfico, mas se não for conduzido da forma correta, pode levar o idoso à exaustão. Para quem está largando uma vida sedentária e quer começar a se exercitar, eu sempre aconselho uma avaliação médica e cardiológica inicial”, pondera.

Aulas de dança, ginástica, alongamento: a internet é uma fonte inesgotável de dicas de como manter-se ativo nesta quarentena. Que tal usá-la a seu favor? Talvez seja hora de deixar o consumo excessivo de notícias de lado e fazer uma busca no YouTube por “exercícios para quarentena” ou “exercícios para idosos em casa”. Já experimentou? A O Organização Mundial da Saúde dá uma série de recomendações para se manter ativo em casa durante o período de distanciamento social pelo coronavírus.

Para a educadora física, manter uma rotina ativa e praticar exercícios físicos no atual contexto de confinamento domiciliar é difícil, mas fundamental para o bem-estar, especialmente da população idosa. “Para muita gente, grande parte da rotina do exercício físico está associada ao sair de casa, frequentar uma academia, ir à aula de pilates, fazer uma caminhada no parque. É preciso cuidar e incentivar a população idosa a se manter ativa e exercitar o corpo porque as perdas de dois ou três meses de inatividade podem ser imensas”, pontua Nayana.

Adaptação de rotina

O Participanthomem idoso faz exercício abdominal numa academia de ginásticae Célio Avelino, 79 anos, pratica exercício físico regularmente há mais de 20 anos. De segunda a sexta, o advogado é um dos primeiros a chegar na academia. Com acompanhamento profissional personalizado, mantém uma rotina variada de exercícios aeróbicos e de musculação. Há pouco mais de um ano, acordou no meio da noite com o braço direito dormente: sofria um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico.

O episódio não lhe deixou nenhuma sequela. Os médicos explicaram: o excelente preparo físico o salvou das consequências comuns de um AVC, como alterações na fala e na capacidade motora, incapacidade de reconhecer objetos e pessoas, déficit de memória. “Escapei por conta dos meus anos de exercício. O que gasto com academia e personal é investimento em saúde. Vou economizar lá pra frente”, comenta.

Há sete anos, o educador físico Arthur Farias acompanha o advogado em seus treinos matinais. “Célio é completamente fora da curva. É um idoso, por conta da idade cronológica, mas tem um excelente condicionamento físico. Isso não cai do céu, é resultado de uma rotina sólida de exercício”, pontua.

Mas, em tempos de confinamento, como se manter ativo? É a hora de se agarrar a duas máximas desta quarentena: adaptar-se é preciso, e vai passar. “Ter a rotina completamente interrompida é um imenso inconveniente. Mas se é necessário, precisamos seguir as recomendações. Apesar de não gostar muito, comecei a fazer treinos com Arthur por meio de videochamadas no celular. Além disso, de manhã bem cedo, caminho ao ar livre durante uma hora, mantendo o distanciamento social das pessoas. Mas não vejo a hora de voltar para academia”, comenta Célio.

 


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